Paradoxalmente, numa sociedade tão corpórea, tão voltada sobre a sua carne e adornos, assistimos a um distanciamento do indivíduo em relação ao seu próprio corpo. Não no sentido duma menor preocupação com este (bem pelo contrário), mas em termos dum acentuar da sua instrumentalização por parte do Eu.
Ambos dissociam-se permanentemente: o Eu olha para o corpo como matéria maleável, logo exterior, e, quando sem correspondência às suas idealizações, recusável, expulsável. Nestes casos, por vezes, o Eu refugia-se num solipsismo anti-reflexo divorciado do seu próprio fenómeno. E ao contrário do que se poderia pensar, até quando ambos parecem unidos numa aceitação mútua, em que o corpo, portanto, aparenta corresponder às idealizações do Eu, obedecendo eventualmente aos seus malabarismos, há um inalienável hiato: o corpo torna-se instrumento de poder – aceite pela sociedade, serve as ambições do Eu, que deixa de investir noutras dimensões valorizadas, mas talvez mais trabalhosas, e passa a usar o corpo como meio de ascensão social na qual todos, sistemáticos, colaboram, não só vivendo a atracção sexual, mas correspondendo reforçantes à face dum evolucionismo conseguido.
Assim, o abismo ocorre porque o Eu vê o corpo. Para ver: a distância. E tudo em seu torno o perspectiva: os media, a publicidade, os comportamentos resultantes, o reenvio destes para os media e o alimento recíproco deste ciclo coloca o corpo no palco-laboratório onde, como espectador-cientista, o Eu humano possui um corpo nas mãos em lugar de ser um corpo com mãos.
Ambos dissociam-se permanentemente: o Eu olha para o corpo como matéria maleável, logo exterior, e, quando sem correspondência às suas idealizações, recusável, expulsável. Nestes casos, por vezes, o Eu refugia-se num solipsismo anti-reflexo divorciado do seu próprio fenómeno. E ao contrário do que se poderia pensar, até quando ambos parecem unidos numa aceitação mútua, em que o corpo, portanto, aparenta corresponder às idealizações do Eu, obedecendo eventualmente aos seus malabarismos, há um inalienável hiato: o corpo torna-se instrumento de poder – aceite pela sociedade, serve as ambições do Eu, que deixa de investir noutras dimensões valorizadas, mas talvez mais trabalhosas, e passa a usar o corpo como meio de ascensão social na qual todos, sistemáticos, colaboram, não só vivendo a atracção sexual, mas correspondendo reforçantes à face dum evolucionismo conseguido.
Assim, o abismo ocorre porque o Eu vê o corpo. Para ver: a distância. E tudo em seu torno o perspectiva: os media, a publicidade, os comportamentos resultantes, o reenvio destes para os media e o alimento recíproco deste ciclo coloca o corpo no palco-laboratório onde, como espectador-cientista, o Eu humano possui um corpo nas mãos em lugar de ser um corpo com mãos.
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