sábado, janeiro 07, 2006

A existência do átomo

E o miúdo disse: “tal como não acredito em Deus, não acredito nos átomos”. E o professor comentou entre os pares: “não tem nível cognitivo suficiente”. Mas talvez (mera hipótese) a autêntica parca capacidade cognitiva esteja neste último, e esperemos que não nos seus pares. Porquê, senhor professor? Primeiro, porque duvidar não é uma falha, é um desafio, um desafio na falha, um despoletar das imperfeições em potência residentes na perfeição teorética do que nos impõem, condição do movimento e da dinâmica da descoberta. Segundo, porque só na dúvida nos espantamos, somente na escuridão a luz é visível, apenas no recuo céptico a pequena certeza é conquista e unicamente na clareira da ingenuidade sábia o verdadeiro conhecimento é possível. Por isso, senhor professor, duvide, antes que Deus lhe caia em cima ou um átomo o engula. E trabalhe, prove que o átomo existe!

3 comentários:

Alexandra Baptista disse...

apetece ilustrar o texto...
:)))

Anónimo disse...

Para Alexª:
E porque esperas?
Tenho curiosidade de que forma irás ilustrar...

Para Pedro:
Não vejo...mas acredito. Acredito porque quero. Mas é legítimo e faz sentido pôr em causa: o facto de não 'ver' o átomo e o facto de não 'ver' a divindade, logo haver a possibilidade de não existir, num mundo ávido de comprovativos e necessidade de ver para crer...A manipulação é sentida, é bem mais possível do que a existência de algo que não se vê. Quem pode 'obrigar' o aluno a acreditar numa coisa que nunca viu?...ignorância do rapaz...ou ignorância de quem 'obriga'?
A eterna 'doença' na crença da verdade absoluta.

Pedro disse...

De facto, numa sociedade da imagem o “ver para crer” torna-se no critério dominante de legitimação ontológica. A imagem reifica-se como revelação absoluta, como redução totalizadora. Nesse sentido, só crê quem vê: o expoente do monolitismo da visão.