Certos períodos são de pouco tempo, minúsculos entre o betão veloz que nos aperta entre os dias. Nesses momentos, apenas captamos da vida a sua superfície, as linhas de acção onde o nosso mover se move em contínuo sem lugar. Nada de profundezas. E podemos pensar (já depois, claro) que, se a existência fosse sempre assim, a sua duração seria um ápice, dela nada nos ficaria em sorte registado no sismógrafo das recordações guardado por trás da vista ou da testa. E quando, neste período já parado, reflectimos neste assunto, podemos ainda supor que este ritmo mais lento e reflexivo, com memória, apenas o é em relação ao outro, o anterior e rápido, porque em comparação com maiores lentidões, vividas, quiçá, noutras grandezas, será tão acelerado e escorregadio como nos parece ser o tempo da rapidez . Nisto, cremos que o máximo vagar do tempo é a recolha do real maciço em todo o seu pormenor e a existência vivida numa eternidade contemplativa cheia da bonomia ineficaz.
sexta-feira, março 23, 2007
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