O indivíduo apercebeu-se do seu estado paranóico. E como? Deixou de se achar um Deus e procurou as incoerências e os desajustes das suas proposições labirínticas. Foi como se reproduzisse individualmente o que se passou historicamente com o nascimento da ciência. As leituras do real dogmáticas, nascidas duma auto-confiança ilimitada e dum racionalismo solipsístico, foram substituídas pela análise empírica e o cálculo matemático assentes no reconhecimento do erro e do provisório na verdade. Assim, debruçou-se sobre si mesmo, partindo do princípio saudável de que pode estar enganado (porque acertar algumas vezes não lhe permite acertar sempre), e evitou conclusões sobre o que não analisou e, principalmente, sobre o que é impossível analisar. A partir daí dormiu melhor e aceitou chamar sábia a ignorância.
sexta-feira, abril 06, 2007
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