No comentário ao post anterior colocam-se várias questões que julgo férteis para a reflexão. Proponho os desenvolvimentos que se seguem lado a lado com o referido comentário. Primeiro, a questão da normalização imposta pela democracia: se, por um lado, ela resulta da utopia que busca a liberdade ontológica individual, por outro, provoca, com os seus mecanismos de igualização pseudo-meritocrática, um Homem massificado que mais não serve do que para fomentar um sistema consumista. Esta nivelação leva-nos ao segundo ponto: as várias velocidades do comboio distribuidor. Ao contrário do que muitas vezes se procura fazer crer, as classes sociais continuam a existir (a várias velocidades e paragens), e as altas controlam os meios não só de produção de objectos de consumo como os de produção de sistemas culturais (via media) que reflectem a necessidade de incutir na maioria (classes de proletários e de funcionários) modos de vida que escoem os objectos de consumo produzidos na primeira instância. Esta autêntica indústria de indução de vivências vai ainda mais longe nas suas determinações, e eis o terceiro ponto, introduzindo-se no campo ideológico através da sustentação da tese de que a ideologia se esvaziou com a actualidade: nada mais útil a um regime liberal onde o que interessa é a troca e não a substância; contudo, esta pretensa ausência é também ideológica, conclusão que coloca esta concepção no mesmo nível de debate e relativização que as outras ideologias – meio caminho para a sua contestação e para o desmascaramento dos domínios que encapota. Por isso, contestemos. Neste sentido, podemos dizer que, nascendo hoje, e já estamos no último ponto, entramos neste comboio; mas, claro, não na sua inevitabilidade . Embora em andamento, pela consciência e pela reflexão conducentes à praxis, podemos sobredeterminar a comunidade onde vivemos. Como? Por que meios? Por que esforço? São outras questões...
sábado, janeiro 21, 2006
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2 comentários:
Opsssssssss, com esta não contava.
bem...como sabem tenho muito pouco para vos dizer.
Obrigada pelo comentário ao comentário do comentário... é esclarecedor.
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