Vamos agarrados à ponta de um nada revestido dramaticamente de tudo como se o tempo fosse finito. Nós somos, mais nada. Calejados pelos murros com que adoecemos a morte, resistimos no teatro do herói que queremos ser, escorregando no sorriso que fazemos e colhendo vagamente um tempero de esperança. Nisto, vamos ganhando com a finitude o direito à definição e conquistando todos os dias uma nova frase. Ainda que na recusa, vamos tendo o privilégio do tudo, só porque tocamos no vazio quando abrimos os braços germinando por dentro a densa possibilidade de fazermos. Somos crianças a galgar a terra, mortos de olhos abertos e cheios de vida, gente indefinida bêbeda por cada grito que sabe. E sabemos. Temos o poder de saber, ainda que numa ilha. Temos, por fim, milhares de tijolos no termo da civilização para Deus verificar se valeu a pena e perguntar aos Homens se já pode ter nome.
sábado, outubro 21, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário