A interrupção voluntária da gravidez é silêncio e culpa, mas também irreversibilidade. Dizer “não”… dizer “não” é fácil, como são fáceis os deveres dos outros. Dizer “sim” não é dizer “sim”, é poder dizer alguma coisa, ainda que não se diga nada, ainda que tudo o mais seja silêncio. Para dizer “sim”, não se discute haver ou não vida . Há, pode haver, não se vê, prevê-se e sabe-se que agora não. E, por isso, “sim”. Portanto, verdadeiramente, esta não é uma questão ética, é uma questão social, sociológica, duma lógica social a partir do indivíduo, do lado do “sim”, ou duma lógica social a partir do colectivo, do lado do “não”. A primeira é espontânea: cada um decide; a segunda é imposta: cada um obedece. Mas não somos éticos puros, a ética não existe do ponto de vista transcendental. Somos sociais, e a ética que conhecemos nasce do social temperada com a mentira suficiente para manter intacta a origem social de todos os motivos colectivos e individuais. Por isso, “sim”, pela verdade e pelo silêncio escolhido.
domingo, janeiro 21, 2007
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