quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O rosto da economia

A aflição começa quando a economia deixa furar os balões que mantêm a civilização suspensa na consistência, na ética, na superioridade axiológica e na profundidade artística – possíveis graças a uma certa barriga cheia. Vazia, a selva insinua-se nas novas garras do Homem. O caçador, que protege a família, sai da gruta faminto por conquistar a conversão civilizacional do objecto de caça: o dinheiro. Isto, ao nível individual e, depois, colectivo. Cada um ruboresce de pânico, os caracteres répteis salientam-se, engrossam sua acção no córtex cerebral e os dados involuntários do corpo agem no sentido da busca e da defesa. A comunidade morre. Mas mantém-se a estrutura que permite a rotativa passagem de alimento ora devorado por quem se estica em bicos de pés ora por quem condensa a força da evolução. O contexto: a fome. A consequência: a acção infinita.

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