quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Aquilo que se vê

Ouvi algures, num canal qualquer, alguém dizer que somos uma sociedade estética. Quem o dizia olhava para um espelho compondo uma peruca que escondia uma calvície prematura e masculina. Um sorriso natural despontava em torno das palavras e tudo decorria como o realizador por certo previra. Nada de surpreendente. Até ao próximo nível. Isto é, exigência. É possível detectar nesta realidade exigente (que tanto sobe de nível como elimina os anteriores) um sucumbir ao aleatório e imerecido: a beleza não tem mérito, não corresponde a um estado pessoal de evolução etária e pode calhar existir nalgum indivíduo que por sua obra ou de outros acabou sendo um grande pulha. Portanto, a positividade da beleza não tem necessariamente correspondência com uma experiência positiva, ao contrário de certas rugas, tão evitadas pelo actual querer. Nisto, vamos galgando uma técnica de superfície e perdendo o olhar que vê o invisível.

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