quarta-feira, agosto 15, 2007

Os homens que a usam

Uma das discussões mais recorrentes em vários campos das ciências sociais e humanas e no âmbito filosófico é a que procura determinar o benefício ou prejuízo da tecnologia. Por um lado, afirma-se que esta colocou o humano num novo patamar funcional, dando-lhe potenciais que antes apenas podiam ser sonhados e que agora se concretizam. Por outro, defende-se que, em vez de libertar, a tecnologia condicionou a acção de modo a que o homem se tornasse seu servo em lugar de senhor. Contudo, talvez seja possível superar este antagonismo deixando de olhar para a tecnologia e passando a fixar o ser humano. Provavelmente, todos os defeitos são deste. O que na realidade a tecnologia fez foi agigantar os caracteres definidores da humanidade, ora aumentando os bons, ora os maus. Assim, quando se quer libertar, a tecnologia liberta, quando se procura submeter, alguém é submetido, não pela tecnologia, mas pelos homens que a usam e provocam as suas consequências mais distantes.

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