segunda-feira, maio 30, 2005

Extensão pensante

Ergui a perna na esperança de saltar o muro, aquele limite, aqui, onde deixando-a, à perna, para trás, levar-me-ia comigo. Mas ela veio, insistiu em ser minha, a perna, a minha. Saltei. De novo. O que pulei para outro lado deu com o mesmo lado de onde vinha. Então fechei os olhos e gritei para fora, para ir com a voz, impulso no espaço à procura da varanda de um reflexo exterior. Quando me ouvi, era dentro do crânio que gritava o meu nome. Um estilhaço impôs-se por fim, como força do pensamento. Mas, pedaço a pedaço, não foi numa ilha, numa parte, num olhar ou cogito que encontrei o nome, mas em todo o lado da carne, em todo o espaço do corpo que me ensinou a pensar.

Sem comentários: