quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Confiança

Onde acaba a certeza e começa a confiança? Melhor: haverá espaço para o indubitável dentro da existência hipotética de uma pré-confiança? Antes de crermos, sabemos? Provavelmente, não. Até o pensamento mais claro e distinto parece assentar sua luva de ferro sobre a mão trémula de uma crença, que fia, que aguarda. Esta é um olhar futuro que cegamente vê o que ainda não está presente mas desenlaça-se como fantasma nascido da possibilidade por cumprir. É a criação de um laço que espera do Outro a árvore do desejo prometido. E por cima, pensa-se, crê-se que se pensa, e que tudo é claro. Mas a luz faz-se, não se recebe. Há, nela, uma espécie de dádiva, de alimento oferecido e sorvido como mundo. Quem se alimenta não vê, até ver. Nada sabe, mais uma vez. Tudo espera, todas as vezes. Por isso, cada promessa é uma planície que oferecemos ao mundo, para fechá-lo como medo ou para expandi-lo como sonho.

2 comentários:

Alexandra Baptista disse...

Que o «mundo» te ofereça uma planície onde possas sonhar e expandir.
Feliz aniversário!

:)))

Pedro disse...

Obrigado. Beijo