Dar-se demais perde-se, esfuma-se no braço lançado ao outro, que deixa de ver a figura do presenteador e descobre-se exclusivo recolhimento e não envio. O dador excessivo vai ficando sem dádiva; ao mesmo tempo, o destino desejado vai guardando as muitas graças banalizadas na repetição e expostas na colecção mobiliária da indiferença. Lá estão, igualando-se, normalizando a recepção e erguendo o valor do próprio muito além daquele que consegue atribuir a quem deu. Este perdeu o rosto, a autonomia da ilha, a individuação da face fechada, abrigada no seu mundo, onde se singulariza no manejar de si mesmo e emana o despertar do desejo.
quinta-feira, março 23, 2006
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