quinta-feira, julho 06, 2006

A curvatura do tempo

Estando em Sociedade, estamos em afirmação. Sim. Nem mais. Todos os lugares do mundo antes de nós – Natureza – deixaram de existir: agora, estão depois de nós, cheios do nosso toque, da nossa afirmação. Além disso, na própria Sociedade, por mais que nos demos a pequenas recusas, não nos é dado rejeitar nada em absoluto. A revolução como retorno ao zero é privilégio do esquecimento. Os humanos lembram. Assim, a negação é impossível. Não há nada que possamos declinar sem que em parte o aceitemos, ainda que inconscientemente. As estruturas afirmativas envolvem-nos, sustentam-nos os pés, alimentam-nos o "não" que gostaríamos de dar quando olhamos para o prato. No máximo, atingimos um "talvez", cuja coerência está não na recta mas na curva onde se demora o tempo depois de nós.

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