quarta-feira, setembro 06, 2006

Sabichão

Tinha a tenra mania de perguntar pelo nome das coisas, questionando também as suas causas mais antigas, rebuscadas até, na esperança de encontrar o primeiro motor, aquele que age sem ser agido, onde por fim pudesse descansar as dúvidas sobre uma rocha de certeza inabalável. Se alguém respondia, ou era com uma verdade frágil, uma areia movediça, ou com a negação da possibilidade de qualquer resposta, a incerteza de tudo. Aproximou-se da neurose: sistema de neurónios auto-referentes. O cérebro como que se abismou em cadeias causais até se entrelaçar num novelo indistinguível. Por fim, desistiu. Aceitou a dúvida como certeza, a calma como hábito, a distância como medida e o riso como critério. Não sabe nada e brinca ao sabichão.

2 comentários:

nrc disse...

Uma espécie de Sócrates pós-moderno?

Pedro disse...

Pode ser. Sócrates porque não sabe, pós-moderno porque reconhecedor do jogo.