quinta-feira, dezembro 21, 2006

Entre o zero e o algo

Se fossemos imortais, a experiência histórica seria um dado adquirido, pelo menos nos mais idosos – estes viveriam desde o princípio dos tempos e os erros que a humanidade acumularia também neles se acumulariam como traços a evitar e a ensinar aos mais novos. Provavelmente, ocupariam os mais altos cargos, onde a sua sapiência milenar teria a maior das potências de acção. Contudo, somos mortais. Por isso, a cada nova geração, renovada vida se inicia como se no começo da História se encontrasse. Nestas condições, o único modo de fixarmos a experiência histórica é através da escrita, da imagem tradicional e, desde o século XIX, dos inúmeros aparelhos tecnológicos que permitem todas as formas de congelamento. Deste modo, nada está adquirido, cada época corre o risco de tudo perder e de repetir os enganos e vicissitudes do passado. Assim, educar é estender o corpo do presente ao longo da verdadeira idade de todos nós. Não o fazendo, somos o perpétuo ingénuo ciclicamente a zero.

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