Nada se esquece. Mesmo aquilo que parece perder-se do presente, fugindo da tábua que segura o acontecido, entra no tempo pelo corpo, aloja-se no interior da carne e nos lençóis da pele como vento que edifica silencioso os gestos que voluntariamente pensamos conscientes. Em consequência, quando agimos, estamos a montar a casa eterna onde inscritos ficam pedaços maciços, imunes à diferença e à sua remoção. Lá, junto ao chão da nossa história, nada se deixa mudar. Mas outra coisa muda, apesar do sempre, mesmo no olvido: o olhar sobre o feito. Aí, a formulação dá lugar à reformulação, a vingança ao perdão e o thanatos ao eros. Contudo, a cicatriz já é corpo e cada momento uma construção derradeira. E por isso nunca havemos de ser deuses.
domingo, março 12, 2006
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2 comentários:
O tempo NUNCA volta para trás.
Bjs
Será que queremos ser Deuses?
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