terça-feira, julho 19, 2005

Comparações

Se compararmos a cobertura noticiosa despendida sob os atentados de Londres e a realizada nos inúmeros atentados quantitativamente mais mortíferos em Bagdade, deparamos com uma assimetria na valorização e no choque ritualizado que só nos pode levar a pensar que o eurocentrismo permanece, um certo racismo sobrevive, e que a morte dos ricos parece despertar mais solidariedade que a dos pobres e andrajosos – como se causasse mais piedade ver a vasta acumulação material do ocidente ir existência fora com a facilidade de um botão do que a eliminação de indivíduos que pouco mais do que a roupa do corpo têm e assim - já desde sempre - parecem prontos à diluição. A proximidade, a identidade e o sucesso são a verdadeira medida do universalismo e da partilha da dor. O resto são notícias que apenas alimentam o estado de coisas, na medida em que esse estado é feito de nós e dos outros, do dentro e do fora, do ser e do não-ser.

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