terça-feira, julho 26, 2005

O fim de Portugal é universal

Vamos descobrindo um país feito de papel, mas bem pintado e colorido. Frágil como as florestas que ardem, porém escarlate e luminoso como o fogo. Tacteando este país, sentem-se nas mãos uma espécie de cinzas; lançamo-las, com as esperanças perdidas, sobre o seu corpo rectangular, deixando-as fugir nos braços do vento, para o mar, para o ocidente sem países. O oceano vem também para nos engolir e, para nos salvarmos, damos as unhas à Europa e deixamos a nação afogar-se. Assim, conservamos o mundo. Por isso, o fim de Portugal só pode ser o princípio do mundo. O fim dos países é o começo do cosmos. O optimismo é um estado de espírito do universal. O pessimismo, todavia, é demasiado português.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esse auto-pessimismo é algo bem português sem dúvida desde Teixeira de Pascoais.Triste fado,gostaria que lesses o "Labirinto da Saudade" de Eduardo Lourenço ou a última obra de José Gil.Mas mesmo aki ao lado,nustros hermanos tb passaram pelo mesmo e tu bem conheces a obra de Unamuno.Um abração Pedro.