sábado, novembro 19, 2005

As palavras simples

As palavras simples, essas sim, são difíceis. Dizer sem a intromissão do excesso ou da complexificação que cobre o objecto em vez de lhe dar a mão para a sua manifestação é um esforço hercúleo que raros concretizam. Esses vêem. Nós, os fascinados pela palavra, estamos sujeitos ao velamento do mundo e à verborreia cega. Não vemos. Contudo, a própria palavra nos vai dizendo, nos seus silêncios, que nada vale sem o mundo, e um dia, em cada dia que passa, a aproximação chegará ao toque onde existe.

3 comentários:

Anónimo disse...

As palavras mais simples:
"O objetivo da vida não é o pensamento,mas a ação."(Aristóteles,Ética a Nicômaco).

nrc disse...

Mas vês! Procura o toque. Talvez as sílabas-pele existam por aí

Pedro disse...

Quanto ao primeiro comentário: não devemos esquecer a dimensão performativa da palavra. Evitando a ilusão idealista, a verbalização e o diálogo são momentos do corpo e suas determinações.
No que se refere ao segundo: ajuda a responder ao primeiro, o termo sílabas-pele é excelente para designar a inclusão sempre possível da linguagem na carne. O perigo: os castelos de palavras escolásticas. O desejo: a palavra a fervilhar na imanência e no desvelamento próximo.