quinta-feira, novembro 03, 2005

Hipocrisia

A centralidade da imagem nos dias de hoje serve de exemplo ao que de idêntico a essa relação de inversão se passa um pouco por todo o muito que nos rodeia. Mais importante que a imagem directa, tocante pelo corpo, a que chamarei ser em primeiro grau, parece predominar a imagem técnica (fotografia, cinema e TV) - ser em segundo grau -, que se caracteriza por aparentar uma duplicidade com o real que efectivamente não existe, substituindo-o a nossos olhos. Num mundo onde o lucro se tornou no valor estruturalmente mais dinamizador e em que, por isso, disciplinas como o marketing singram como dimensões cuja eficácia a todo o custo cria maior repulsa pela sua não concretização ocasional do que pela sua existência hegemónica, a hipocrisia como método impõe-se pela eliminação da autenticidade e pela forte determinação de cada um em vencer no terreno do jogo das faces instrumentais. Assim, o real, já de si fugidio, dá lugar à ilusão institucional e ao aperto de mão mole.

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