Uma afirmação, por mais categórica que pareça, não deve ser tomada como intocável, absoluta ou dogmática. Toda ela é provisória (exceptuando esta). Isto porque o todo onde nos movemos e estamos é salpicado por nós com pequenos balanços, ruminações, tecidos que seguram e projectam, falas tão úteis como as pernas ou tão fundas como o pulsar: afirmações. São olhares que penetram o real, o tão permeável real, que nos servem - se nos servirem - para alguma coisa ou para todas as coisas. Desocultam e constroem. Contudo, rodopiam em fuga. Deste modo, não só porque nos mexemos e o nosso estar é líquido, mas também porque o circundante que nos abraça tocante provavelmente é pantanoso, arenoso e tropical, sempre espreitando o nosso espanto, nada permanece, nenhuma rede desvela o mar, antes se afunda nele, e o peixe, esse, somos nós.
quinta-feira, dezembro 22, 2005
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