O exterior absoluto, provavelmente, não existe. Todavia, creio na possibilidade do ser humano esticar o limite aparente que o ambienta, a sua estrutura envolvente, até um ponto onde lhe é dado virar um pouco a cabeça para trás e ver onde está, sem a contorção completa que resultaria numa exterioridade absoluta, mas com a necessária para reconhecer o próprio corpo e avançar a distância que vislumbra em parte o presente e a sua figura. Neste sentido, a criança cresce quando a colocam de parte, quando a sociedade a exclui da segunda barriga que a guarda entre os outros, quando a careta alheia a distingue do Outro e a faz recolher-se na ruminação de si e da face da alteridade, como um dois em multiplicação infinita. Sem a apologia da exclusão - gosto que eliminaria a tensão interior/exterior (relativos) que desenvolve a consciência referida -, faço aqui, sem ironia, o devido reconhecimento da importância do empurrão ou do tropeção na desocultação de um real que nos antecede e faz.
segunda-feira, dezembro 26, 2005
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