A folha de papel em branco é um pormenor. É a alvura onde a escuridão se interpõe como fim, como saturação de ser. Antes deste culminar e já depois da negatividade absoluta, um mundo desenha-se: o mundo indefinido. É como o mito para Pessoa: o nada que é tudo. Nela todas as ausências servem para gritar quantas presenças podem ter, quantas acções podem conter e quantas estradas podem ser fundas. Pousa horizontal e lisa como se não existisse, cala em seu torno os objectos que esperam o movimento e, quando usada, experimentada ou transformada em definitivo, faz viver em si novos sentidos, por mais banais ou normativos que sejam, que escapam por si a dentro para nascerem noutro olhar ou lugar e os objectos cantarem novas vozes no leitor.
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