A gota é um pormenor. Podemos vê-la em movimento ou em repouso. Primeiro, como chuva. Depois, talvez como água. Mas não, a gota não é água. A gota é a gota. Escorre pelas superfícies e ilumina-as quando pára e vê-se. A gota observa-se. E quando vê, vê onde está consigo própria. Ela por cima de tudo. Tudo não, apenas onde está, que é quase um ponto, um nódulo, uma ilha reflexiva que se transparece e insinua o circundante de uma leve luz, invisível, só nela presente. Podemos pensar pela gota, respirar pela gota e até ser gota. A gota. Quando cai, é diferente, não raciocina nem espera, rasga o ar com raivas brutais ou irrita-o com borrifos omnipresentes. Impõe-se, necessária e destinatária. Estende-se, calma e englobante; mas já não gota. A gota é, quando vem e fica; e morre, quando vai por onde se desintegra e deixamos também de aparecer e pensar.
quarta-feira, novembro 01, 2006
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