sábado, novembro 04, 2006

Outono quente – pormenores (o saco)

O saco é um pormenor. Separa. Distingue entes no manipulável. Esconde para que se movam e não toquem nem deixem rasto no que permanece no sossego da sua imobilidade. Sem o saco, as mãos não chegam, e deixam ver. O saco enlaça em segredo, enche de conteúdo a intimidade e, como as casas, é sua condição. O saco guarda e aguarda; recolhe e espera, portanto. Nisto, acontecem a eleição e a promessa, a escolha e a possibilidade. E o caminho. Quem leva um saco anda, percorre e transforma dois lugares: um, por uma nova ausência; outro, por uma nova presença. É selecção ontológica. E banal, claro, como quase todos os menores antes serem de pormenores, assim maiores à vista e à metáfora.

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