segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Eleger as imagens do quotidiano

As eleições já enchem por completo os noticiários. A propaganda é um dado imposto à realidade circundante, mediaticamente despejada no vão de acesso aos sentidos humanos. Todos nós podemos saber o que eles farão por nós, o seu povo, o seu querido povo, do qual eles dependem – o que poderia ser uma vantagem nossa. Mas não é. Não é porque alguém vai ser eleito, um deles, um dos bonecos televisivos vai ter poder, mais poder do que imaginamos. Alguns perguntam: qual o melhor? Mas infelizmente a pergunta é outra: qual o menos-mal? Do mal, o menos, não é? No mínimo comum, avançamos.
Portanto, temos que eleger um deles, um dos que se interpõem entre nós e o nosso quotidiano, um dos que povoam o dia-a-dia de banalidades sérias, de ridículos trágicos e de mentiras cuja falsidade gera o peso verídico de uma realidade que nos mostra o poder da ambição pessoal em vez do poder da competência. A política é técnica, hoje é técnica do ser-visto. Elegemos o que é visto, a imagem do quotidiano que nos há-de transformar a própria imagem. A imagem que todos hoje repugnamos. Esta a perversidade: eleger a repugnância. Avancemos!

1 comentário:

Anónimo disse...

:)