As praias são pintalgadas de gente, o homem dos gelados desenha pontes de passos entre leitos de pano rectangulares, o enxame de vozes forma uma espécie de voz única que ouvimos se fecharmos os olhos do rosto junto à toalha, e se deitarmos a cabeça de lado, ouvimos do outro ouvido, como quem escuta o coração da Terra, a areia roçando os pés que se enterram no andar de quem nos passa e chama outro alguém para o mar, onde um mergulho descansa o corpo da secura luminosa do ar e o faz perder-se na estranheza de um outro elemento onde a respiração é um instante, o oceano ameaça abraços à terra mas fica-se pelas festas que avançam e se retiram como quem espalha os dedos sobre o cabelo; assim, aquém das massas, da passadeira colectiva de repetição mimética de gestos e ditos, dentro da entrega de cada um à multidão que se vê ao espelho num movimento reconhecido, está a nossa vivência imanente enquanto sensação singular que sopra, de infinito, o acontecimento; isso, sim, é cada um em todos, e é por isso também que ainda vale a pena repetir.
segunda-feira, junho 13, 2005
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