quinta-feira, agosto 25, 2005

Homem irreal

Consomem, diariamente, minuto a minuto, as chamadas drogas leves. Trabalham, durante o dia, num emprego, geralmente, da área dos serviços, no qual adquirem um salário baixo (como quase todos nós, os portugueses). Vivem, quase sempre, em casa dos pais. Á noite e nos tempos livres, jogam computador e são espectadores dos jogos de futebol que são exibidos na TV, lendo, nos intervalos dos cafés, os jornais desportivos, que alimentam uma socialização predominantemente baseada num conteúdo desportivo e, claro, tóxico (charros) e virtual (jogos de computador). Sem esquecer: sempre mergulhados no ambiente fumarento do cânhamo. Por um lado, do ponto de vista subjectivo, alienam o cérebro das suas capacidades mais elaboradas mediante uma eutanásia lógica e um inebriamento anestesiante proporcionados pelo fumo. Por outro, o real objectivo é alienado através de uma transferência do seu princípio do real para um jogo sem referência ao efectivo real político, económico, ideológico e existencial que os condiciona: o jogo de futebol e o de computador. Que nome podem ter? Talvez homens irreais - a dormência do sistema.

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