Sim, o universal tradicional já não existe, nem pode vir a ressurgir, a não ser num registo ficcional. Hoje, os próprios Direitos Humanos não são universais de um modo tradicional; isto é, metafisicamente fundamentados. Mas podem, e julgo que devem, assentar numa outra universalidade: a do consenso (um pouco como o diz Habermas). Claro que este cruzamento de individualidades não é verdadeiramente universal, visto haver sempre algum desacordo, algum particularismo que o rompe. Todavia, é universal de um novo modo: no do acordo dialógico produtor de sentido, no de uma pura construção - ao invés da pura descoberta do fundamento desvelado como universalidade, no modo tradicional – que move na direcção de um telos, também ele criado. Assim sendo, no diálogo (não como essência, mas como pragmática) configura-se a idolatria. Esta, porque desejada e lúcida, surge paradoxalmente iconoclasta; ou seja, puro desejo de futuro inscrito em acções presentes, que permanecem abertas ao eterno retorno de uma nova busca de sentido – imagem invisível em perpétua reformulação, forma infinita alvo de reificações finitas. Mas a pergunta impõe-se: será possível construir este universal a partir da maior universalidade possível ou estaremos condenados a viver numa universalidade imposta por um poder, esse sim, idolatrado?
terça-feira, agosto 09, 2005
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