Portanto, o homem irreal sofre de uma dupla alienação: a subjectiva e a objectiva. A primeira delimita-lhe o alcance cognitivo comprazido com a simulação do real sustentado pela segunda. Uma, diminui o horizonte, permitindo o dispêndio de menos esforço, o qual é tanto maior quanto maiores são as exigências de profundidade e extensão; outra, suspende-se do real possibilitando a incondicionalidade que alimenta um permanente estado de jogo que entretém as forças existenciais que de outro modo lhe exigiriam mais vida, maior fundura, mais labor. Esta forma de letargia resulta principalmente da preguiça e da circularidade que ela provoca. O indivíduo não encontra já exterior (real) do qual possa negar o seu estado presente (irreal). Politicamente, vive ausente de si e dos outros, o que, num sistema onde o domínio consumista existe, favorece sempre alguém bem mais real e possuidor que, por sua vez, ajuda a criar a cultura que envolve cada vez mais o homem irreal na sua dormência de rabo na boca.
sábado, agosto 27, 2005
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