O tempo não nos larga, ainda que se perfile em frente. É massa de leveza, pesada quando a seguramos nas mãos, fugidia sempre que corremos para morder. Claro, o tempo volta; quando o não queremos presente, ele bate que bate na porta que tentamos fechar por trás das costas. Nada desaparece, e a construção rebola como um carrossel que nos vai lembrando de nós, lá atrás, quando um banco de baloiço nos bate no crânio que por vezes desejamos vazio. O tempo não tem desenho, símbolo verdadeiro. É um resto de tinta gatafunhada involuntariamente numa parede, cor que se acumula mais coloridamente que a primeira de todas, sem se deixar fixar numa, naquela que se diz, na que tem nome. O tempo não se nomeia. Por isso, não morre, permanece incógnito a nossos olhos, escondido nas tábuas da recordação, obsidiante, invulgar, eterno, interno, mesmo depois de nós.
quinta-feira, setembro 01, 2005
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