terça-feira, outubro 04, 2005

A forma e as coisas

A irreversibilidade de um acto estrutura-se no tempo como um mostrengo - rocha marítima de todos os cabos intransponíveis. A sua eternidade enforma de granito as paredes por onde nossos braços roçam e para onde o nosso olhar não pode mover-se sem que se feche de maciço dentro de si. A inflexibilidade absoluta, a retaliação contínua, como a vingança, marcam infinitamente o futuro como se o passado não fosse mais que um lançamento em frente. Por isso o perdão, o lugar onde o tempo se torna forma e não recta. Por isso a arte, o acto que faz de cada coisa todas as coisas.

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