Se há exercício que, realizado de modo moderado mas certeiro, manifesta-se politicamente saudável, é o da desconfiança. É necessário duvidar, neste caso, das pessoas, questionando os seus motivos. Falo dos políticos. Ninguém luta desalmadamente por uma coisa se não precisar dela, por qualquer razão que seja. Daí as perguntas: o que faz correr o político? Porquê pôr em causa a sua própria intimidade, paz de espírito, nome e, muitas vezes, compostura cívica mínima? Várias conjecturas: 1) mudar o mundo; 2) ganhar dinheiro; 3) adquirir notoriedade; ou 4) massajar o ego. A primeira possibilidade, parece a melhor, mas a mais rara: ninguém o faria caindo mediaticamente na lama. Sendo esta queda tão vulgar, podemos depreender: a segunda, é realista; a terceira, também (estarei a ser precipitado?). De qualquer modo, a última, inevitavelmente, cabe-nos a todos; contudo, o mais ético seria fazê-lo através da primeira, recebendo os devidos agradecimentos e, quem sabe, uma estátua. Paradoxalmente, esta, pelas mãos do português, pode eternizar, nestas eleições, o famoso endinheirado.
sexta-feira, outubro 07, 2005
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