segunda-feira, abril 04, 2005

Comunicação da morte

E os abutres da comunicação, na ânsia de colocar em comum, de, como inversões do ilusionista, trazerem a cada um de nós, para junto do rosto de cada um de nós, toda a verdade, toda a presença possível, adiantaram e saturaram de repetição a morte em rede, ao ponto de qualquer pequeno sopro de vida anunciado ter suado a desilusão perante o impulso de expectativa de espectáculo que se formara já espectacularmente. Parece que a morte não obedeceu aos horários estabelecidos, não coincidiu com o momento previsto para o clímax, surgindo quando ele já se esgotara. Depois da morte, toda a minudência explorada como crença na possibilidade radical da manifestação do real em nossas casas através de um visor mais pequeno que uma janela, aquele meio que só permite a visão em rectângulo daquilo que nunca nos morre a horas.

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