sexta-feira, abril 01, 2005

Amizades e funções

Cada vez mais observo relações que aparentam submergir-se em funcionalidades. Dá-me ideia que mesmo entre algumas pessoas que se dizem amigas se desenvolve um tipo de relacionamento que sobrevive graças a uma espécie de equilíbrio posicional e estrutural; ou seja, cada uma precisa da outra porque temporal e espacialmente isso lhe traz algum proveito na medida em que permite equilíbrios emocionais e meramente utilitários. Não tenho a ilusão de que uma amizade viva sem estes ingredientes, mas penso que eles deveriam ser (do ponto de vista ideal) meras consequências de um impulso mútuo de confiança e admiração conducentes a uma alegria na presença. Porque – julgo eu – o riso da alegria, não o do escárnio, gerado no encontro de autenticidades reveladoras de absolutos, é o verdadeiro tempo e espaço da amizade, no qual cada um se reconhece.

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