terça-feira, abril 26, 2005

O nada não existe

A folha em branco.
Este texto demonstra a possibilidade absoluta do dizer. Não ter nada para dizer pode converter-se num discurso. O nada torna-se auto-referente na forma de palavra e revela a impossibilidade de vazio. Este não existe. A palavra está sempre lá, infinita, como um jogo de espelhos. Mesmo a repetição, que poderia aniquilar este dinamismo, é impossível. Há sempre um deslocamento. Eu disse: há sempre um deslocamento. Isto que se deslocou foi dito. Nada permanece, foi isso que eu disse. Posso continuar a dizer que tudo muda… na palavra… a palavra é sempre uma possibilidade, poder sempre, geração espontânea, ausência do nada; o nada – até isso é sempre alguma coisa.

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