segunda-feira, março 21, 2005

Eu quero ser velho

Os velhos recordam a sua juventude, em que o tempo era bom e o espaço se fazia lesto e aventureiro. Os velhos lembram o que faziam, e como era fácil fazer. Dizem hoje que não podem, não fazem, e esperam o fim imersos no passado onde tudo era possível na mesma medida em que hoje o não é. Os velhos estão lá atrás, onde se sentem vida, cerebrais e imóveis na vivência da memória. Os velhos não existem, os jovens correm nos seus olhos fechados pela morte.
Mas eu quero ser velho. Sim, eu quero viver velho quando for velho. Em juventude, preparo meticulosamente a velhice (dinamicamente, como se pede a um jovem), na qual não recordarei nada, a não ser o dia anterior, na qual espero poder esperar tudo e, embora no fim do corpo, espero estar no princípio de tudo, não porque acredite na imortalidade, mas porque sei que a vida é movimento e só quero morrer na chegada. Os velhos não chegam à velhice, eu quero chegar...

2 comentários:

Anónimo disse...

talvez chegar à velhice não seja mais que parar no tempo e recordar e aí sim desaparecer.

Anónimo disse...

Para quebrar o ambiente Romântico destes dias, uma série de piadas velhas:
(ou este blog é o imprevisto e eu sinto-me tolinha)
-Queres arroz, doce?
-Queres bolacha, maria?
-Queres couve, flor?
Gosto de me rir, gosto de piadas fáceis. Gosto de saber que vou ter rugas por causa dos meus risos diários.